quarta-feira, 14 de setembro de 2016

Como podemos estabelecer um paralelo entre a poesia barroca de Gregório de Matos e a sociedade brasileira dos dias atuais.



 O Barroco no Brasil estabeleceu-se no século XVII. O país não possuía uma identidade artística, como nas outras áreas: cultural, educacional, financeira,  religiosa e tantas outras, sofrera influência dos colonizadores, os portugueses. Segundo Sabrina Vilarinho, graduada em Letras:

“ O Barroco ou Seiscentismo teve início em Portugal com a unificação da Península Ibérica, fato que acarreta ao período intensa influência espanhola, e também faz surgir outra denominação para o período, Escola Espanhola. No Brasil, o Barroco teve início em 1601, com a publicação do poema épico Prosopopeia, de Bento Teixeira, o qual introduz em definitivo o modelo da poesia camoniana na literatura brasileira.”

      Apesar de outra realidade encontrada no Brasil não havia luxo, nem ambição alguma por parte do povo brasileiro. Es cravos, comerciantes, índios esta era a população brasileira: um povo simples. Mas sendo tão simples assim, acabaram por interiorizar a cultura e costumes que os portugueses trouxeram para o Brasil. E uma dessas ideias e novidades foi a educação e a literatura. 
    O Barroco foi introduzido no país no período da Contrarreforma,sendo influenciado pelo movimento      religioso.
 O Barroco ganha força total nas décadas de 1720 e 1750, com a fundação de várias escolas literárias. A arte da dualidade entre: vida e morte, luz e escuridão, carne e espírito, racional e místico; adentra as terras americanas, trazendo consigo uma nova ideia, um novo jeito de se pensar. Os que escreviam encontraram um refúgio na literatura, podendo então criticar o sistema, e moralizar “ o povo decadente e infiel  (podendo assim dizer).
         Os principais escritores do Barroco no Brasil foram Gregório de Mattos e Padre Antônio Vieira. Gregório e Vieira  chegaram a se conhecer, pois, moravam em Salvador, durante a mesma época. Pe. Antônio Vieira na prosa, com obras proféticas de cunho religioso. E Gregório de Mattos na poesia,  lírica, satírica e religiosa.
         Depois deste panorama histórico do Barroco no Brasil, passemos a análise da contribuição de Gregório de Mattos para esta época e para os dias atuais.
  Sabemos que Gregório de Mattos (1636/ Salvador1696/Recife), nascido em Salvador, Juiz formado em Coimbra- Portu gal, casado com Maria dos Povos. Enfrentou uma vida bastante agitada, principalmente, quando começou a escrever seus primeiros ensaios, poemas satíricos.
        Seu reconhecimento como poeta e autor, demorou, pelo fato de ter sido acusado de plágio de vários autores famosos da época, como o espanhol Gôngora. Sendo assim, Mattos começou a ser reconhecido a partir do século XX. Na Lírica o poeta trabalha três vertentes da poesia: a religiosa de cunho moral, a amorosa com a oposição carne e espírito e a filosófi ca que está ligado a Camões, na abordagem do desconcerto do mundo.E na Sátira ficou conhecido como “Boca do Inferno”, em razão das sátiras e escárnios que ele escrevia, Gregório criticava por meio de gírias e palavrões, que refletiam “o bi-linguismo ou trilinguismo” da época, levando em consideração termos indígenas e africanos.
       Observamos então o campo de grande desenvoltura do poeta, o da sátira, como forma de criticar a sociedade que vivia. O poeta irreverente, que chocava a população baiana, com seus escritos poéticos satíricos.
         No poema Triste Bahia de Gregório de Mattos; no canto do poeta, notamos a tristeza de ver uma Bahia explorada pelos comerciantes.


              Triste Bahia 
Triste  Bahia! Ó quão dessemelhante
Estás e estou do nosso antigo estado,
Pobre te vê a ti, tu a mi empenhado,
Rica te vi eu já, tu a mi abundante.

A ti trocou-te a máquina mercante,
que em tua larga barra tem entrado,
A mim foi-me trocando e tem trocado,
Tanto negócio e tanto negociante.

Deste em dar tanto açúcar excelente
Pelas drogas inúteis, que abelhuda
Simples aceitas do sagaz Brichote.

Oh! se quisera Deus que de repente
Um dia amanheceras tão sisuda
que fora de algodão o teu capote!

                             Gregório de Mattos

     O poeta que não calou sua voz, que usou do poema, para fazer justiça, para criticar, para elucidar  os problemas daquela Bahia, daquela sociedade, daquele Brasil, ainda tão novo, no processo históri-co que tinha pela frente. E mais Gregório não se importava com os indivíduos que desprezavam seu  trabalho. Lutou e foi responsável por abrir espaço para paisagem local e para a língua do povo, podendo ser a primeira  manifestação nativista da nossa rica literatura. Iniciando um despertar crítico-social nacional que levou séculos para automatização do povo. 
         Triste Bahia é apenas um dos sonetos críticos de Gregório, sabemos que existem outros com um vocabulário, bem mais pesado; desvinculava-se da moral e do bom costume,  e era este vocabulário que o povo rejeitava; como qualquer povo que foi instruído e considerado  cristão.
         Atualmente a luta por igualdade, justiça e direitos não é diferente, a luta de tantos se faz por  meio da literatura, que possui papel primordial para ascensão da população brasileira. 
        Mattos até hoje é considerado um dos grandes poetas não só do Barroco, mas de outras épocas e suas poesias ainda  fazem sentido, estão contextualizada com o Brasil. A preservação cultura e linguística com o uso de palavras de comunidades africanas e indígenas. A crítica aos valores morais, éticos, pessoais que nos dias atuais foram invertidos pela popula-ção.   Principalmente; igrejas que ainda se  baseia nos sermões religiosos, que os poemas barrocos trazem em seus versos. 
           Impreterivelmente a poesia barroca, é patrimônio cultura e ainda tem mensagens importantes a passar para o povo Brasileiro. 









Trabalho feito por Renata Stefânia, graduada em Letras pela UERJ. 

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